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Mario Miranda, primeiro presidente da AcervA Niterói e São Gonçalo, relembra a criação da associação

Atualizado: 10 de ago. de 2022


O interesse pelo então iniciante movimento de cervejas artesanais aproximou algumas pessoas, em Niterói. Eram dez, no máximo. Se tanto. Os primeiros bares especializados, abertos na cidade, acabaram por sediar reuniões. Até então, para participar dos encontros da AcervA Carioca e trocar experiências com quem já produzia cerveja em casa era preciso atravessar a Baía de Guanabara e ir para o Rio de Janeiro.


Poder se reunir “em casa” foi uma ideia que começou a ganhar corpo. Com ela, começou a ser fomentada a possibilidade de se criar uma Regional, alinhada com a AcervA Carioca. Seria preciso, também, pensar nas questões formais inerentes à criação de uma Associação. E depois, é claro, escolher um presidente, então chamado de Delegado.


“No começo, foi até fácil montar as diretorias porque todo mundo estava com muito gás. Com o tempo é que foi ficando mais difícil. Para frente, ninguém queria ser presidente porque dá muito trabalho fazer essa gestão e o pessoal, muitas vezes, tinha dificuldade de conciliar com o trabalho”, afirma o analista de sistemas Mario Miranda, primeiro presidente da AcervA Niterói e São Gonçalo, tendo Daniel Conde Perez como vice.


Ele assumiu outros cargos em três gestões diferentes. E, justamente, por conta do trabalho, não conseguiu mais conciliar as tarefas. Porém, sempre ficou por perto da Associação, principalmente, sem parar de produzir sua cerveja em casa.


Agora que a Acerva Niterói e São Gonçalo comemora 10 anos, o presidente número 1 conta um pouco a história da sua criação. Antes, vale citar os pioneiros nessa iniciativa de criar uma associação de cervejeiros caseiros do lado de cá da Baía de Guanabara: Márcio Beck, Felipe dos Santos Rangel, Fernando Augusto Pimenta Miranda, Thiago Rodrigues de Oliveira, Adriano Oliveira, Luciano Aragão de Mendonça, Luiz Gonzaga Vasconcellos Winter, Rafael Bertges Silva de Carvalho, Alexandre Carlsson Cury, Cazé Valadão-napier, Nicholas Bitencourt, Daniel Conde Perez, Gustavo Renha, Vinícius Floriano dos Santos Oliveira, Frederico Silveira, Luiz Felipe Vargas, Gil Lebre e Manoel Felix.


De lá para cá, pelo menos uma coisa é certo que mudou. A AcervA Niterói não é mais um clube do bolinha. As sétima e nona gestões tiveram mulheres como vice-presidentes. Foram elas, respectivamente, Daniela Boeta e Fernanda Marques. Um bom sinal dos tempos.


Confira a entrevista de Mario Miranda concedida à jornalista Sônia Apolinário, integrante da diretoria da AcervA 10 anos.


Como foi o começo da Associação?

Começar a falar em AcervA Niterói é falar em 2011. O primeiro encontro dos cervejeiros da cidade foi antes da criação da associação. Foi no antigo Cervesia, no Centro, em novembro de 2011, organizado pelo Manoel Felix. Foram entre 6 a 10 pessoas. A partir daí, começamos a nos falar por um grupo de e-mail. Manoel, Gil Lebre, Márcio Beck e Lourival Neto também foram fundadores da Associação.


Qual o objetivo de ter uma Regional em Niterói?

Alguns participavam dos encontros da AcervA Carioca, no Rio. Mas para ir às terças-feiras, para lá, muitas vezes era complicado. Queríamos ter um pouco mais de autonomia, em Niterói. Ter nossos equipamentos para não precisar ir até o Rio para pegar uma chopeira emprestada, por exemplo. Queríamos fazer os encontros mais com a cara e as necessidades dos cervejeiros de Niterói. É importante frisar que a ideia não era separar, mas criar um movimento complementar. Criar algo que pudesse trazer os eventos, os encontros, para a Regional, no caso, Niterói, justamente porque, na época, os encontros só aconteciam no Rio.


Como foi a reação da AcervA Carioca à ideia de criar a AcervA Niterói e São Gonçalo?

Eles apoiaram muito a nossa ideia e ajudaram bastante para que a nossa primeira festa acontecesse. Essa festa foi nos fundos da fábrica da Noi. Foi a festa que nos ajudou a fazer um caixa que permitiu realizar as primeiras ações que foram cursos técnicos de levedura e malteação, por exemplo.


A AcervA Niterói logo passou a fazer, também, encontros mensais?

Sim. No Rio, a AcervA tinha o Terça Sim, que era o encontro mensal, às terças-feiras. Então, criamos em Niterói o Quarta Também justamente para que um não atrapalhasse o outro.


Qual era o cenário cervejeiro da época?

Na época da criação da AcervA Niterói, existiam ainda pouquíssimos cervejeiros caseiros e cervejarias. Era a Mistura Clássica no Rio e Noi em Niterói. As primeiras receitas da Noi foram feitas pelo Leonardo Botto que nos apoiou muito e veio aqui dar alguns cursos.


Como você começou a se interessar por produção de cerveja caseira?

Eu tive contato com cerveja artesanal com conhecidos que começaram a produzir. No trabalho, dei força para um amigo, o Lúcio Botelho, entrar para o movimento também. Com o tempo, fui me interessando cada vez mais. Até então, minhas cervejas eram a Brahma em chope, Antarctica na garrafa e Skol na lata. Sem dúvida, as reuniões nos bares foram fundamentais para eu me envolver cada vez com cerveja caseira, artesanal.


Quais eram os bares?

Foram os primeiros bares especializados em cerveja artesanal que começaram a chegar em Niterói. Era o Cervesia no Centro e o Granel, em Piratininga e Santa Rosa. Tinha ainda o Empório Carlsson, em São Francisco, e o Empório Icaraí. Desses, só o Granel continua aberto, mas, agora, só funciona em Santa Rosa. Começamos a frequentar os bares, conversar sobre cerveja e alguns começaram a produzir em casa. Eu procurei tudo sobre o assunto na Internet. Queria saber como fazia equipamento, como produzia. Eu fiz uns 10 equipamentos para mim. Juntava com uns quatro amigos e brassávamos na casa do meu pai, em Pendotiba. Depois até consegui montar um cantinho para produzir cerveja no meu apartamento, em Santa Rosa.


Quantas pessoas participaram desse momento de criação da AcervA?

Quando a regional foi criada, éramos 20 pessoas. Nosso objetivo sempre foi difundir a cerveja caseira, a cultura cervejeira caseira. Sempre fiz questão de promover eventos gratuitos, na minha gestão. Foi uma época produtiva. Fizemos muitos cursos, palestras, encontros. Fazíamos, como hoje, rodízios entre os bares, para realizar os encontros.


O movimento cervejeiro caseiro em Niterói cresceu muito nesses dez anos?

O movimento foi tomando corpo e as festas ajudaram a divulgar a associação. Sempre oscilou, mas seguiu de uma forma crescente.


Como percebe a AcervA nesse momento, ao 10 anos?

Penso que a Acerva chega aos 10 anos entregando o que sempre prometeu que é difundir a produção da cerveja caseira, sempre com qualidade técnica elevada. A Acerva Niterói tem pessoas extremamente qualificadas. A pandemia deu uma esfriada em todos os movimentos e com a AcervA não seria diferente. A diretoria que trabalhou nesse período fez um trabalho sensacional. Tinha tudo para o movimento dar uma boa esfriada e até mesmo pensei que pudesse ficar paralisado, mas as diretorias criaram eventos pela internet que foram fundamentais para manter o grupo.


Como avalia o formato de gestão estabelecida pela AcervA?

Eu fui o primeiro presidente, não tinha experiência. A AcervA Niterói sempre foi formada por amigos. Os integrantes das diretorias vão se revezando em diferentes cargos e, com isso, os conhecimentos vão se complementando e a experiência não se perde, uma vez que cada gestão é de 1 ano. Da forma como acontece espontaneamente, os mandatos acabam tendo uma continuidade e a experiência se expande.


É fácil ou difícil montar uma diretoria?

No começo, para criar a regional, foi preciso ter 10 associados na AcervA Carioca que deveriam eleger um delegado, cargo que, agora, chamamos presidente. No começo, foi até fácil montar as diretorias porque todo mundo estava com muito gás. Com o tempo é que foi ficando mais difícil. Para frente, ninguém queria ser presidente porque dá muito trabalho fazer essa gestão e o pessoal, muitas vezes, tinha dificuldade de conciliar com o trabalho. Ser da diretoria da Acerva exige muita dedicação. Participei de três mandatos seguidos, assumindo vários cargos. Depois, por conta de trabalho e família, não deu mais para conciliar. Então, fiquei mais afastado, a partir de 2017.


É necessário criar uma associação, não basta apenas gostar de cerveja artesanal?

Se reunir em torno de uma associação ajuda a manter o movimento porque organiza as coisas, dá um norte e torna as iniciativas mais perenes. O movimento informal corre o risco de ser o movimento de uma pessoa. Com a associação, há o caráter institucional. Ao se associar, a pessoa concorda com as regras e, consequentemente, se compromete a segui-las. E quando não concorda mais, é só sair.


As dez gestões da AcervA Niterói São Gonçalo


1ª (2012- 2013) - Mario Miranda / Daniel Conde

2a (2013 - 2014) - Daniel Conde / Bruno Vath

3a (2014 - 2015) - Jarbas Menezes / Manoel Felix

4a (2015 - 2016) - Leandro Sphaier / Mario Miranda

5a (2016 - 2017) - Alisson Christi / Davi Tosta

6a (2017 - 2018) - Bruno Erthal / Guilherme Rebello

7ª (2018 - 2019) - Davi Hermsdorff / Daniela Boeta

8a (2019 - 2020) - Raphael Braga / Maurício Grille

9a (2020 - 2021) - Raphael Braga / Fernanda Marques

10ª (2021 - 2022) - Alexandre Vasconcelos/ João Filipe Castro



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